Diante da afirmação do livro de
Gênese sobre a criação me veio na mente duas perguntas: a primeira, quais os
motivos ou necessidades que Deus tinha para criar o mundo? (mesmo sabendo que
Deus não sente necessidade alguma); e a segunda, o que ele fazia antes da
criação? Ramom, abraço !!
Olá
Ramom, quanto tempo meu irmão. Boas perguntas e podemos respondê-las com base
na revelação que Deus nos deu de si mesmo - a Bíblia. Até porque não temos
testemunhas da criação, pois ninguém presenciou então somente o Criador pode
nos contar. Quanto a sua primeira pergunta o livro do profeta Isaias em 43.7
registra a fala de Deus sobre a criação ao dizer “criei para minha glória” e o
Salmo 19 afirma que os "céus proclamam a glória de Deus..." Então
embora Deus não tivesse necessidade alguma para criar algo, pois ele poderia
existir desde sempre sem anjos, pessoas ou qualquer outra coisa criada, ainda
assim decidiu criar tudo que existe para revelação de seu poder e testemunho de
sua glória. Romanos 1.20 diz que “o seu eterno poder como a sua divindade, se
entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas”. E o último livro
da Bíblia, Apocalipse 4.11 diz que Deus é digno de receber glória, honra e
poder porque todas as coisas foram criadas por Ele.
E sobre a
sua segunda pergunta como você mesmo disse Deus não tem necessidade. Ele se
basta a si mesmo. Sua completude reside nele mesmo. Sabemos que a comunhão
entre Pai, Filho e Espírito Santo é desde sempre e sempre perfeita. Isso nos
lembra a oração de Jesus em Jo 17.5: "e, agora, glorifica-me, ó Pai,
contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse
mundo." Em outras palavras a glória e comunhão de Deus era vista na
relação do Deus trino e uno. Na teologia reformada acreditamos no Pacto da
Redenção realizado pela trindade na eternidade onde Deus decidiu seu
maravilhoso e soberano plano de salvação. Algumas palavras na Bíblia como
“cordeiro morto desde a fundação do mundo”; “reino preparado desde a fundação
do mundo” ou “nomes escritos desde a fundação do mundo” fazem-nos ver a
execução de um projeto estabelecido por Deus na eternidade e executado por ele
na história humana. E portanto era o que Deus fazia antes de criar o mundo.
Jesus disse aos judeus que “Meu trabalha até agora, e eu trabalho também”(Jo
5.17).
Deus é imutável, não no sentido de sua essência, mas em relação ao seu relacionamento com nós humanos?
Elizamar Regina
Sua pergunta tem a meu ver uma diferença que poderia conduzir
de imediato a um raciocínio errado, pois a imutabilidade de Deus na essência
será a mesma no seu relacionamento com os seres humanos de modo que o Deus
imutável em seu ser o será também em seu relacionamento com os seres. Trata-se
de uma imutabilidade imutável apesar das mudanças humanas e não de uma
imutabilidade mutável com as mudanças das pessoas. Mas vamos por partes. A
doutrina da imutabilidade de Deus também chamada de inalterabilidade é um dos
atributos incomunicáveis, ou seja, pertence a categoria daqueles atributos que
não tem analogia na criatura humana semelhante a infinidade e unidade divina.
Como sua pergunta, refere-se a imutabilidade de Deus, não na essência, mas na
relação com o ser humano, então vou começar com a boa definição do termo
imutabilidade pelo teólogo Weyne Gruden: “Deus
é imutável em seu ser, nas suas perfeições, nos seus propósitos e nas suas
promessas; porém, Deus age e sente emoções, e age e sente de modos diversos diante
de situações diferentes.” Pode-se perceber nessa definição de Gruden uma
divisão em duas partes: a primeira mostra que Deus é imutável e a segunda
apresenta as ações de Deus como se elas fossem mudanças, até porque a Bíblia
mostra um Deus imutável e não imóvel. Dizer que Deus é imutável em seu ser
significa que ele é completo em si mesmo, pois um ser sujeito a mudanças é
também um ser dependente, logo como Deus é independente é igualmente imutável. E
claro se Deus mudasse ele não seria Deus pois aquilo que muda deixa de ser o
que era. Portanto a doutrina da imutabilidade de Deus é muito confortadora para
todos nós. Imagine, hipoteticamente claro, que se Deus pudesse mudar, então
essa mudança seria para melhor ou pior como se dar com toda mudança. Acontece
que se ele mudasse para melhor, então deixaria de ser o melhor ser possível e
não saberíamos quando atingiria o grau mais elevado; e se mudasse para pior não
seria possível confiarmos na sua absoluta bondade. Como creríamos num Deus que
pode mudar seu ser, sua perfeição, seus propósitos ou suas promessas? Não seria
possível. Mas o Deus que a Bíblia apresenta é para nosso conforto e segurança
um ser imutável. O Salmo 102. 26,27 compara a criação com o criador e diz que
esta envelhecerá e como uma roupa mudará, mas Deus permanecerá sempre o
mesmo. Os decretos de Deus não mudam. No
livro de Jó temos dois textos interessantes sobre isso. Em Jó 23.13,14 diz que
Deus cumpre o que está determinado e em Jó 42.2 afirma que “nenhum de teus
planos pode ser frustrado”. No profeta Isaias é dito em 14.24,27 que ninguém
invalida o que Deus determinou. Em 43.13 se diz: “...agindo eu quem impedirá”? E
em 48.8-11 o Senhor afirma que o propósito que ele tomou executará. Deus tem um
plano e ele executa sem jamais começar “tudo de novo”. Sua vontade é única e
imutável. Além de não mudar em seus decretos, Deus também não muda em suas
promessas. Um exemplo, é sua promessa feita a Abraão em Gênesis 12.1-3. Deus a
cumpriu perfeita e fielmente, sem depender de Abraão para sua realização.
Acredito então que sua pergunta pode ser melhor respondida
pela segunda parte da afirmativa de Grudem quando ele diz que “Deus age e sente emoções, e age e sente de
modos diversos diante de situações diferentes.” Nas escrituras nos
deparamos com acontecimentos e situações que parecem mostrar um Deus que muda e
se arrepende como aconteceu no dilúvio, no anúncio da destruição de Nínive, na
unção de Saul como rei ou no anúncio da morte de Ezequias. Mas primeiro
precisamos entender que a linguagem de mudança ou arrependimento de Deus usada
na Bíblia é um modo de falar chamado de antropopático e isso quer dizer que a mudança não é em
Deus, mas da relação do homem para com Deus. E como não temos um vocabulário
melhor para expressar esse sentimento interior de Deus, então utilizamo-nos de
uma linguagem que expressa mais nossa realidade interna pecaminosa e mutável
que a natureza perfeita e imutável de Deus. E assim penso que Berkhof está
certo ao dizer: “É importante sustentar a
doutrina da imutabilidade de Deus contra a doutrina pelagiana e arminiana de
que Deus é sujeito a mudança, na verdade não em seu Ser, mas em seu
conhecimento e em sua vontade, de modo que suas decisões dependem em grande
medida das ações do homem.” Para isso os arminianos citam os exemplos já
mencionados anteriormente. Mas eles apenas mostram que Deus age diferente em
situações diferentes. O arrependimento divino pela criação do homem ou pelo
fato de Saul ser rei apenas expressa o descontentamento de Deus ante a maldade
humana. Não é algo do tipo que Deus começasse tudo de novo ou estivesse
colocando em prática um plano B. Tanto a ameaça do juízo contra Israel, quanto a
morte de Ezequias e da destruição de Nínive mostra que Deus agiria de uma forma
se a situação permanecesse a mesma. A mudança é do homem e não de Deus e ele
tudo sabia e tudo determinara. As advertências e ameaças divinas foram meios
para alcançar os fins que o próprio Deus estabelecera. Não se trata apenas de
saber que o homem agirá daquele modo como numa espécie de túnel do tempo, mas
de determinar o que acontecerá conforme seu desígnio e imutável propósito (Hebreus
6.17). Afinal Deus não sabe de algo por possibilidade e sim, como algo certo. Como
exemplo, podemos citar as cidades impenitentes por onde Jesus passou. Jesus
afirma que se os milagres realizados em Corazim e Betsaída tivessem acontecido
em Tiro e Sidom eles teriam se arrependido e mesmo Deus sabendo disso os meios
para esse arrependimento não foram enviados a eles pelo Senhor. E o mesmo diz
Jesus ao referir-se a cidade de Cafarnaum comparando-a com Sodoma em Mateus
13.20-24. A não aceitação dessa verdade gerou o teísmo aberto ou teologia da abertura de Deus que afirma que Deus não sabe com certeza absoluta todas as
coisas do futuro, mas sua vontade última não será contrariada. E infelizmente
arminianos famosos como Roger Olson considera essa interpretação uma legítima
opção na compreensão da soberania de Deus. Ele afirma isso tanto em seu livro
História das Controvérsias na Teologia Cristã (editora Vida, 2004), quanto no
recente Teologia Arminiana Mitos e Verdades (editora Reflexão, 2013). Aqui no
Brasil temos o exemplo do teólogo Ricardo Gondim defensor dessa doutrina.
Eclesiastes 3.21 ensina que os animais tem o
mesmo espírito que os seres humanos?
João Paulo e Ana Silva
Eclesiastes 3.21 diz:
“Quem sabe se o fôlego de vida dos filhos dos homens se dirige para cima e o
dos animais para baixo, para terra?. A pergunta usa a expressão espírito porque
o termo hebraico rûah pode ser
traduzido tanto como “espírito” quanto “fôlego de vida”, apesar de que para nós
“espírito” é mais específico que “fôlego de vida” onde o primeiro refere-se ao
ser humano e o segundo pode ser usado tanto aos humanos quanto os animais. Há
outras traduções da palavra como “alento” pela Bíblia de Jerusalém; e “sopro”
na Tradução Ecumênica da Bíblia (TEB). Mas claro além do significado
linguístico o contexto definirá o uso dessas palavras. O autor parece colocar o
espírito humano e o do animal no mesmo nível, a diferença no caso, seria apenas
na direção de ambos, com o espírito humano indo para cima e o do animal para
baixo. Para entendermos essa afirmação melhor devemos lembrar o contexto geral
do livro de Eclesiastes que fala da vida “debaixo do sol” (1.3,13;2.18;3.16) e
daí sua conclusão e insistência em que tudo é vaidade, vazio. No próprio
capítulo 3 ver-se as expressões “vi ainda debaixo do sol” (3.16); e “tudo é
vaidade” (3.19). Nele o autor descreve que tudo tem o seu propósito e tempo
determinado para acontecer, seja nascer e morrer; chorar e rir; calar e falar,
amar e aborrecer e outros. Afirma que o trabalho é fadiga, mas ainda assim é
dádiva de Deus para o homem dele regozijar-se na vida (3.9,12,13). O autor vê
que a maldade reina no lugar do juízo e da justiça (3.19), mas que Deus julgará
o justo e o perverso no tempo determinado e que esse reinado da maldade é para
provar os homens e para que eles percebam que sem Deus são como animais. Ele
não diz que o homem tem a mesma natureza de um animal, mas o compara a um
animal e essa comparação se explica no v. 19 quando afirma que ambos, homem e
animal, morrem e voltam ao pó. E conclui que todos vão para o mesmo lugar, pois
a volta ao pó é o fim de tudo. Lógico que somente o homem foi criado a partir
do pó e não os animais, mas a expressão quer dizer cessação da vida tanto para
um quanto ao outro. Claro que ao dizer que homem e animal vão para o pó,
refere-se ao corpo apenas. Esse texto é utilizado pelas Testemunhas de Jeová
para negar a imortalidade da alma humana. Mas não é isso o que acontece aqui. O
autor de Eclesiastes não nega a imortalidade do homem até porque a confessou em
outras partes do mesmo livro (3.11;11.9;12.5). Ele simplesmente pergunta no
v.21: “Quem sabe se o fôlego de vida dos filhos dos homens se dirige para cima
e o dos animais para baixo, para a terra?. E é essa pergunta que pressupõe que
o animal tem o mesmo espírito do homem, independente se a tradução usar os
termos “espírito”, “fôlego de vida”, “alento”, ou “sopro”, afinal as expressões
estão lado a lado e subintende-se uma comparação na natureza de ambos os seres.
Mas o diferencial é visto quando o próprio autor em sua pergunta mostra que a
vida do homem sobe para o alto e a do animal desce para baixo. Portanto apesar
do corpo do homem e animal terem o mesmo fim na morte como foi dito no v.20, os
dois não ficam no pó, pois o homem que tem vida imortal sobe e o animal não. Sua
pergunta é motivada pelo seu ceticismo circunstancial e não absoluto, já que o
autor estava ciente da imortalidade da alma humana como bem disse no mesmo
capítulo 3 e versículo 11 e em capítulos posteriores como 11.7 e 12.5,7,14.
Mateus 11:3 diz: “Es tu aquele que haveria de
vir ou devemos esperar algum outro?” Porque será que João teve esta dúvida
mesmo depois da declaração do batismo de Jesus?
Anaias Santana
A sua pergunta já foi feita
por muitas pessoas e já gerou respostas absurdas. Por exemplo, é com base nesse
texto que alguns grupos sectaristas como a Igreja Local de Witness Lee e os
seguidores do Rev. Moon da Igreja da Unificação ensinam que no fim de sua vida,
João Batista se desviou, traiu Jesus e tornou-se um infiel. Mas como todo texto
sem contexto só gera pretexto eis aí uma prova. Porém realmente foi o próprio João quem disse:
“Eu mesmo não o conhecia, mas para que ele fosse manifestado a Israel, vim por
isso, batizando com água”(Jo 1.31). Os quatro evangelistas relatam o batismo de
Jesus feito por João. Os sinóticos registram o batismo e o Evangelho de João
inclui o posterior testemunho do Batista sobre o ocorrido (Jo.1.29-34). Então
como entender o envio de discípulos por João Batista para saber se Jesus era realmente
o Messias. Ora dizer que ele se desviou da fé e traiu a Cristo é sem sentido,
principalmente ante a declaração do próprio Jesus após a saída daqueles que
foram enviados para o questionamento (Mt 11.7-19). Sobre a pessoa de João Batista
a Bíblia diz que seria o precursor de Cristo e seu nascimento foi anunciado 700
anos antes por Isaias (Is 40.3) e 400 anos antes por Malaquias (Ml 3.1;4.5).
Seu nome de nascimento era apenas João (Lc 1.59,60). Ao começar seu ministério,
passou a chamar-se de “batista” como uma referência ao ato de batizar. Ele é
chamado de grande diante do Senhor (Lc 1.15). Jesus disse que era o maior
dentre os nascidos de mulher (Mt 11.11), apesar de seus adversários chamarem-no
de demônio (Mt 11.18); um homem enviado por Deus (Jo 1.6); uma lâmpada que ardia
e iluminava (Jo 5.35). João Batista foi um profeta que morreu em nome da
verdade (Mt 14.1-12); e terminou bem sua carreia (At 13.25). Não realizou
nenhum sinal, nenhum milagre (Jo 10.41), mas sua vida e sua mensagem
autenticaram plenamente que ele era uma voz de Deus (Jo 1.24). Então, à luz de
tudo isso como entender a pergunta dele em Mt 11.3?. O mesmo capítulo nos diz
que João estava no cárcere quando enviou seus discípulos a Jesus. E aquilo que
bíblia diz sobre Elias como “homem semelhante a nós, sujeito as mesmas
paixões”, inclui também a pessoa de João Batista. Não existe supercristão ou
supercrente, alguém imune à dúvida, ao questionamento e a tristeza ao longo da
caminhada cristã. João sabia que Jesus era o enviado de Deus, mas agora ele
estava preso com a sentença de morte e Herodes reinava e Jesus, descendente de
Davi, herdeiro do trono, parecia simplesmente não se importar. Porque Herodes
ainda mandava em Israel? E porque Jesus não assumia de vez o reinado em
cumprimento das profecias do Antigo Testamento? A tristeza de João não mostra
falta de fé, mas sim que o maior dos profetas era um homem igual a nós, sujeito
as mesmas fragilidades. A resposta de Jesus certamente o fortaleceu (Mt
11.4-6).
A EXPLICAÇÃO DO TEXTO DE MATEUS 24.17-20
Por Gildo Gomes
Quando apresentava um programa de rádio em
2003, uma jovem ouvinte chamada Riana Gomes fez a seguinte afirmação: “Não
entendo o texto de Mt 24.17-20. Peço explicação.” Na época respondi mais ou menos o seguinte:
A expressão “abominação da desolação” de Mt
24.15 é tirada de passagens do livro do profeta Daniel (Dn 9.27; 11.31; 12.11).
Abominação no antigo testamento geralmente referia-se a idolatria e desolação
fala de uma grande destruição. Em 168 a.C. o rei da Síria, Antíoco Epifânio, erigiu
um altar de Zeus no templo dos judeus. O
livro apócrifo de Macabeus chega a dizer que o povo era obrigado a sacrificar
porcos e animais imundos, os livros da lei eram queimados, os circuncidados e
todos que não obedecessem à ordem de Epifânio eram mortos (1Mac 1.41-64). Jesus fala de uma invasão futura que iria mais
uma vez profanar o santuário e causar muita morte. E no ano 70 d.C, a
profecia de Cristo se cumpriu. O general
Tito invade e destrói Jerusalém. A entrada dos soldados romanos com seus
estandartes e insígnias romanas eram uma profanação ao templo judaico. Jesus
falou em detalhes sobre esse acontecimento em Lc 21.20-24. E é nesse contexto
de sofrimento indescritível aos judeus que Jesus fala que quem estiver no
telhado não desça. O telhado era uma espécie de sala de estar. Era tão comum as
pessoas fazerem atividades no telhado que a lei recomendava parapeitos (Dt
22.8). Na Bíblia, por exemplo, Pedro ora no telhado (At 10.9). A fuga deveria
ser imediata e as mulheres grávidas (Lc 23.27-30) sofreriam muito e se isso
acontecesse no inverno maior sofrimento seria para todos. E como os judeus
obedeciam “o caminho de um sábado” (At 1.12) que geralmente era um quilômetro
poderiam perecer caso a invasão acontecesse nesse dia o que lembra mais uma vez
a covardia de Epifânio que atacou os judeus no sábado (1Mac 2.32-38). Mas os
cristãos ficaram livres da tragédia. O historiador Eusébio de Cesaréia, em sua
História Eclesiástica, livro III, cap. 5 diz: “todo o corpo da igreja de
Jerusalém, dirigidos por uma revelação divina dada a homens de piedade,
aprovada antes da guerra saíram da cidade...” E ao vermos tudo isso
lembramo-nos que esse parcial cumprimento histórica reluz o futuro escatológico
do aparecimento do anticristo após o arrebatamento da igreja. E claro nesse
sentido nenhum cristão precisa orar para que nosso rapto não seja no inverno ou
no sábado.
UMA INTERPRETAÇÃO DE APOCALIPSE 2.17
Como será o meu novo
nome no reino dos céus?
Por Gildo Gomes
Essa
pergunta me foi feita uma vez pelo irmão, hoje cantor Glauber Leão no ano de
2009. E a resposta na época foi o texto que segue. Na Bíblia a passagem que
fala sobre o novo nome diz o seguinte: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito
diz às igrejas. Ao que vencer darei do maná escondido, e lhe darei uma pedra
branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele
que recebe.” (Ap 2.17). Como entendermos o texto? Será que ele fala que no céu
eu terei um nome totalmente diferente do meu nome na terra? E se assim fosse
como compreender que na parábola de Lucas 16 Lázaro é chamado de Lázaro e
Abraão é chamado de Abraão após a morte?
E Jesus falou que muitos iriam sentar no reino dos céus na mesa com
Abraão, Isaque e Jacó (Mt 8.11). Na transfiguração de Jesus apareceram Elias e
Moisés (Mt 17.1-8). Perceba que eles continuavam com seus nomes antigos
conhecidos quando viviam na terra – Elias e Moisés.
Caso
esse novo nome de Ap 2.17 signifique outro nome com o qual seremos conhecidos
nos céus, então ninguém poderá nos chamar por ele porque o mesmo texto afirma “o qual ninguém conhece senão aquele que
recebe”. Na Bíblia essa mesma expressão refere-se ao nome de Jesus em Ap
19.12: “Os seus olhos eram como chama de fogo, e sobre a sua cabeça havia
muitos diademas. Ele tinha um nome
escrito, que ninguém sabia senão ele mesmo.” E mais na frente o texto diz
que seu manto estava salpicado de sangue, e o “nome pelo qual se chama é o Verbo de Deus”, ou seja, mesmo com um
nome que ninguém conhece senão o próprio Jesus, ainda assim lá no céu vamos
chamá-lo com os nomes que ele foi conhecido na terra como Senhor Jesus, Jesus
Cristo, Verbo de Deus.
Depois
o texto que cita o novo nome, também fala de maná escondido e pedrinha branca.
Aqueles que literalizam o nome também deviam literalizar o maná escondido e a
pedrinha branca. O crente comerá maná escondido nos céus? Andará com a pedrinha
branca na mão? Claro que não. O maná escondido certamente é uma referência ao
maná que era conservado no Santo dos Santos do tabernáculo, dentro de um vaso
de ouro que estava dentro da Arca da Aliança.(Ex 16.33-35; Hb 9.4). Os judeus
no Antigo Testamento não comiam desse maná escondido, porque o maná era posto
no vaso para estar diante do Senhor e ser guardado como testemunho para as
gerações futuras. Jesus é o nosso maná (Jo 6.31-35). A pedrinha branca era
utilizada na antiguidade como um voto a favor de um réu, alguém que era
absolvida de sua condição de condenação. No texto o novo nome está na pedra
branca que Jesus dará. Jesus nos absolveu e fomos justificados, declarados
justos diante de Deus (Rm 8). Claro então que o novo nome na pedra branca que
absolveu o crente é o nome de Jesus. Se o maná é uma referência ao próprio
Cristo como nosso alimento especial (escondido), e a pedrinha branca pode ser
uma referência a justificação que Cristo nos concedeu pela sua sua morte, então
o novo nome também deve referir-se ao mesmo Jesus. E é justamente isso que a
Bíblia faz: “A quem vencer, eu farei coluna no templo do meu Deus, de onde
jamais sairá. Escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do
meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, da parte do meu Deus, e também
o meu novo nome.”(Ap 3.12, grifo meu).
O
novo nome na pedra branca portanto é o de Cristo que nos salvou da condenação e
não um nome diferente para o cristão. Veja a seguinte comparação:
Jesus
promete a Estrela da manhã ao vencedor
|
Jesus
é a própria Estrela da Manhã
|
“Ao
que vencer e guardar até o fim as minhas obras, eu lhe darei autoridade sobre
as nações. Também lhe darei a estrela da manhã. “ Ap 2.26,28
|
“Eu,
Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas às igrejas. Eu
sou a raiz e a geração de Davi, a resplandecente da manhã.” Ap
22.16
|
Jesus
promete o novo nome ao vencedor
|
Jesus
é o novo nome
|
“Quem
tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer darei do
maná escondido, e lhe darei uma pedra branca, e na pedra um novo nome
escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que recebe.” Ap 2,17
|
“A
quem vencer, eu farei coluna no templo do meu Deus, de onde jamais sairá.
Escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a
nova Jerusalém, que desce do céu, da parte do meu Deus, e também o meu
novo nome.” (Ap 3.12)
|
Tudo
indica que nossos nomes serão praticamente os mesmos nos céus como os nomes de
Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Elias e Lázaro mencionados nas escrituras
continuaram os mesmo na vida após a morte. Porém, nosso velho nome
identifica-nos com o que somos e mostra nossa história terrestre limitada e
cheia de pecado, e nosso novo nome – que é o nome de Cristo gravado em nós,
mostra a profundidade do relacionamento que teremos com o Senhor. Assim como
continuaremos chamando nosso salvador de Jesus (um nome humano), embora ele
tenha um nome escrito que ninguém sabe (um nome divino), nós igualmente seremos
conhecidos pelos nossos nomes terrestres antigos, mas receberemos o novo nome
do Senhor em nós.
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