Por Gildo Gomes
O Novo Testamento menciona várias personagens com
esse nome. No grego Maria ou Mariam deriva-se do hebreu Miriã. Segundo o Novo
Dicionário da Bíblia o nome Maria “possivelmente se deriva do vocábulo egípcio
Maryê, e significa ‘amada’, embora isso seja extremamente duvidoso [1]. Maria é
um nome que aparece mais de 50 vezes na Bíblia. Claro, nem todas as menções do
nome refere-se sempre a Maria, mãe de Jesus, até porque na Bíblia temos seis
mulheres chamadas de Maria. Elas são: 01) Maria,
a mulher de Cleófas: “Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã
de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena” (Jo 19.25); 02) Maria mãe de Marcos, a única referência
sobre ela está em Atos 12.12: “Refletiu um momento e dirigiu-se para a casa de
Maria, mãe de João, que tem por sobrenome Marcos, onde muitos se tinham reunido
e faziam oração”; 03) Maria de Betânia,
é a Maria irmã de Marta e muito conhecida devido as circunstâncias que envolve
o seu nome na ressurreição de Lázaro, seu irmão. Seu nome aparece no evangelho
de Lucas (Lc 10.38-42) e no evangelho de João (Jo 11.1,2); 04) Maria de Roma, que é mencionada apenas
uma vez no Novo Testamento em Rm 16.6: “Saudai Maria, que muito trabalhou por
vós”; 05) Maria,
mãe de Jesus. A primeira referência bíblica sobre Maria, mãe de Jesus está
em Mateus 1.14; e a última em Atos 1.14. As outras passagens bíblicas sobre a
mãe de Jesus são: Lc 1.46,47; Mt 1.18-23; Mt 2.46,47; Lc 2.21-24; Lc 2.42-50;
João 2.3,4; Mc 3.31-33; Lc 11,27,28;
Mt 13.53-58; At 1.14); e em 06) Maria
Madalena, mencionada nos evangelhos em Mt 27.56,61; 28.1; Mc 15.40,47;
16.1,9; Lc 8.2; 24.10; Jo 19.25; 20.1,18. É a personagem tema do presente
estudo. De início, caso você confira as referências bíblicas citadas
anteriormente, perceberá que nenhuma diz que ela era uma prostituta. Padres,
pastores e seminaristas já chamaram Maria Madalena de prostituta tantas vezes
que causa assombro para alguns questionar tal declaração. A maioria esmagadora dos
católicos ainda dizem que Maria Madalena era prostituta e boa parte dos
evangélicos também. E isso depois da própria Igreja Católica corrigir o
equívoco desde 1969 e entre os evangélicos haver bastante esclarecimento da má
interpretação. Há católicos que chegam até a chama-la de a “santa das
prostitutas”; e certos evangélicos confundem-na com a mulher adúltera de João
capítulo 8. Mas como foi que surgiu tal confusão? E se a Bíblia nunca chama
Maria Madalena de prostituta como surgiu essa ideia na história cristã? Esse é um exemplo clássico de dizer o que a
Bíblia não diz. Ela é chamada Maria Madalena por causa de sua terra natal,
Magdala, que ficava na costa ocidental da Galileia. Geralmente, as mulheres
casadas recebiam o nome de seu esposo como Maria de Cleófas; e se fosse
solteira seu nome era associado a sua terra natal como Maria de Nazaré, antes
de casar-se com José, por exemplo. Deduz-se então que Maria Madalena era uma
mulher solteira já que seu nome é ligado a sua terra, Magdala. Talvez seja por isso
que Lucas 8.2 diz que seu nome é Maria, chamada Madalena. E o estigma de
prostituta de onde vem? O papa Gregório, o Grande, num sermão da páscoa em 591
d.C., chegou a declarar que a prostituta de Lucas 7 era a Maria Madalena de
Lucas 8 e a falácia exegética tomou de conta na era medieval e atravessou os
séculos[2]. E claro tudo não passou de um erro de interpretação textual. Não
houve nada do tipo estigmatizá-la para acabar com uma suposta rivalidade entre
ela e o apóstolo Pedro e esconder o segredo do Santo Graal como quer Dan Brown
em O Código Da Vinci[3]. Para quem diz que Dan Brown revelou ao mundo que Maria
Madalena nunca foi prostituta, simplesmente se responde que a Bíblia nunca
disse tal coisa, portanto ele não corrigiu nada. E não é difícil perceber isso
no texto bíblico, basta comparar as narrativas lucanas dos capítulos 7 e 8 para
perceber-se claramente que se trata de duas personagens diferentes. O quadro a
seguir mostra as diferenças entre as narrativas do mesmo autor.
A Mulher de Lucas 7. 36-50
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As Mulheres de Lucas 8. 1-3
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A
narração do fato é no momento que Jesus entrou na casa de um fariseu;
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A
narração do fato é depois do episódio anterior e em outro lugar;
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Anônima
e prostituta, chamada de mulher pecadora;
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Identificadas
como Maria Madalena, Joana e Suzana;
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Chorou
aos pés de Cristo, enxugou seus pés com os cabelos, beijou-lhe os pés e ungiu
com unguento;
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As
mulheres prestavam assistência a Jesus com os seus bens;
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Jesus
perdoou seus pecados;
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Jesus
curou-as de espírito malignos e de enfermidades;
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A
mulher não andava com Cristo, pois após o perdão Jesus diz: A tua fé te
salvou; vai-te em paz;
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As
mulheres andavam com Jesus e davam-lhe assistência material certamente como
agradecimento;
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O
texto especifica que era pecadora e foi perdoada por Jesus
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O
texto especifica que Jesus expulsou sete demônios de Maria Madalena
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Referências
Bibliográficas
[1] DOUGLAS, J.D. O Novo Dicionário da Bíblia. 1ª. ed. São Paulo: Sociedade Religiosa
Edições Vida Nova, 1962. p.1005
[2] LUTZER, Erwin. A Fraude do Código Da Vinci. 1 ed. São Paulo: Editora Vida, 2004. p
73
[3] BROWN, Dan. O Código Da Vinci. 1 ed. Rio de Janeiro: Editora Sextante, 2004. p
231
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